Aventuras e desventuras dos professores, formadores, contratados ou a recibos-verdes que leccionam na Escola Pública, Profissionais, Colégios, IEFP's, Casa Pia, TEIP's em cursos de UFCD's, EFA's, EFJ's, CNO's, AEC's PIEF's, ...

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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

APELO AOS SENHORES DEPUTADOS DO CDS-PP



Senhores Deputados do CDS-PP,


Eu até compreendo o vosso discurso contra o Rendimento Social de Inserção oferecido a determinada gente. Há (e eu conheço) casos de pessoas que não querem, mas não querem mesmo trabalhar e que adoram andar em EFAs a fingir que estudam enquanto usufruem do RSI. E que fazem contas para continuar a "estudar" até aos 45 anos porque aí "já não há de certeza ninguém que me queira dar trabalho". E que depois vão esconder os LCDs e as Playstations que têm em casa no dia da visita das assistentes sociais para manter o estatuto de pobre. E que depois se gabam a quem quer ouvir que numa feira de um dia fazem 1500€. Tudo limpo e isento de impostos. Paguem os outros para a alimentar os RSI desta gente.

Estamos então conversados e de acordo quanto ao princípio que defendem.

Mas...e agora façam um esforço para compreender o meu ponto de vista...mas eu dou aulas numa escola onde as famílias de um número significativo de alunos vivem à custa do RSI. E muitos desses alunos não são propriamente civilizados. Dito de outra forma, não estão à espera da escola para aprender alguma coisa e quebrar o ciclo de pobreza (de espírito, tantas vezes) de forma a estarem preparados para a vida sem precisar de subsídios do estado.

Ora estes alunos em particular chegam frequentemente atrasados às aulas, faltam com frequência ao respeito aos professores, não deixam os outros aprenderem, atiram palavrões alto e bom som aos professores e colegas e depois queixam-se de ser vítimas de racismo quando são convidados a ir para a rua. Pior que isso, gostam nessas alturas de chamar a família que está sempre pronta (porque não trabalha, lá está) para ir à escola gritar que vai bater no professor e para dizer alto e bom som ao seu educando, numa espécie de declaração pública, que "estás autorizado a bater nessa professora, 'tás a ouvir? Tens a minha autorização!".

Como compreenderão,
quando as coisas chegam a este ponto, é complicado porque desde a MLR, essa grande pedagoga especializada em lidar com meninos díficeis, que ninguém pode ser excluído (leia-se expulso) da escola.

E portanto, senhores deputados, a derradeira arma que as escolas nestes meios têm é ameaçar ir à Segurança Social para que o RSI seja cortado. E então tudo apazigua (temporariamente). Esta é, de facto, a última fronteira.

E este é, senhores deputados, um apelo pungente de quem está no terreno: mantenham o RSI!!!

ps: Em alternativa, arranjem soluções para tirar da escola aqueles meninos que não estão lá a fazer nada. Mas nada mesmo.

* O post está politicamente incorrecto? Olha, azar! Ver colegas a ser ameaçadas não me deixa propriamente bem disposta...

jhu

2 comentários:

Daniel disse...

Há aí um erro. As expulsões deixarem de existir por decisão da AR, e não do governo. Foi em 2008. Na altura todos os partidos votaram favoravelmente, CDS incluído.

Ana Luísa Costa Carneirinho disse...

Tem razão, mas a referência ao CDS-PP é mesmo uma brincadeira por ser (que eu saiba) o grupo parlamentar que fala abertamente contra o RSI. E eu escrevi o post a pensar numa realidade muito concreta em que parece que alunos e EE só se assustam quando se ameaça com o corte de tal rendimento. O que não impede que considere que a escola não é solução para todos os casos e que há meninos que deviam ser encaminhados para outras instâncias. Mas não pretendi mesmo fazer apologia política.