Aventuras e desventuras dos professores, formadores, contratados ou a recibos-verdes que leccionam na Escola Pública, Profissionais, Colégios, IEFP's, Casa Pia, TEIP's em cursos de UFCD's, EFA's, EFJ's, CNO's, AEC's PIEF's, ...

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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

TOMADAS DE POSIÇÃO

A/C da Bancada Parlamentar do Bloco de Esquerda

Ex.mos Senhores Deputados,


O meu nome é XXXXX e sou professora contratada de XXXXX do Ensino Básico e Secundário com mais de dez anos de serviço.

Foi com muita apreensão que tomei conhecimento do Projecto de Despacho que pretende estabelecer as regras e princípios orientadores a observar, em cada ano lectivo, na organização das escolas e na elaboração do horário semanal de trabalho do pessoal docente.

Muitas são as razões de preocupação para os professores deste país, e em particular para os professores contratados, que vêm o número de horários reduzir abruptamente de um ano para outro. O desemprego e a precariedade são certas para maioria de nós.

O que me leva a escrever-vos, no entanto, é a estupefacção que sinto quando, num projecto de despacho orientador da organização do horário semanal do pessoal docente, é completamente desvalorizada a componente individual de trabalho dos professores. Aquela que está reservada para preparar aulas, novos materiais e corrigir trabalhos e testes.

Até agora, de acordo com o Despacho n.º 11120-B/2010 a componente reservada ao trabalho individual para os professores do ensino básico e secundário era de dez horas para os docentes com menos de 100 alunos e onze horas para os docentes com 100 ou mais alunos. O novo projecto de despacho diz apenas que é o director da escola que decide qual o número de horas para a componente individual de trabalho de cada professor. O número de horas de trabalho individual passou a ser arbitrário. Dito de outra forma, caso a direcção decida, um professor pode ver o seu horário lectivo de 22 horas preenchido até às 35 horas com actividades de substituição, apoios, projectos, etc...

Este é um assunto particularmente caro aos professores. Especialmente para aqueles que preparam as aulas, que gostam de adequar os materiais ao tipo de alunos que têm e que diversificam a avaliação. Tirar-nos essa componente é esvaziar a nossa profissão. Mais ainda.

Eu sou só uma professora e não sei quais os trâmites por que passa um decreto até ser publicado. Mas é com alguma esperança que a vós me dirijo. Até porque não esqueço que foi o Bloco o primeiro partido da AR a dar voz aos professores numa altura em que a palavra de ordem não nos era de todo favorável. Bem hajam por isso.

Com consideração, XXXXX


1 comentário:

nêspera disse...

Absolutamente de acordo!

Só quero acrescentar mais uma 'coisinha':
A arbitrariedade já está instalada nas escolas. Em todos os domínios... O governo, o ministério, o presidente, as bancadas socialista (que, de socialista, só tem o nome) e social-democrata legitimaram esta justiça que é cega apenas de um olho!

Triste maneira de entrar num ano novo!

Mas, já que a nível profissional sabemos que o que nos espera é o descalabro total, vamos fazer com que a vida pessoal seja o melhor possível e por isso...

"Desejo a você... 

Fruto do mato 

Cheiro de jardim 

Namoro no portão 

Domingo sem chuva 

Segunda sem mau humor 

Sábado com seu amor 

Ouvir uma palavra amável 

Ter uma surpresa agradável 

Noite de lua Cheia 

Rever uma velha amizade 

Ter fé em Deus 

Não ter que ouvir a palavra não 

Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança 

Ouvir canto de passarinho 

Escrever um poema de Amor 

Que nunca será rasgado 

Formar um par ideal 

Tomar banho de cachoeira 

Aprender uma nova canção 

Esperar alguém na estação 

Queijo com goiabada 

Pôr-do-Sol na roça 

Uma festa 

Um violão 

Uma seresta
Recordar um amor antigo 

Ter um ombro sempre amigo 

Bater palmas de alegria 

Uma tarde amena 

Calçar um velho chinelo 

Sentar numa velha poltrona 

Tocar violão para alguém 

Ouvir a chuva no telhado 

Vinho branco 

Bolero de Ravel... 

E muito carinho meu.
Carlos Drummond de Andrade e eu :)