Cerca de 100 mil professores numa manifestação histórica
em luta pelos seus direitos. Pergunto eu como foi possível este enorme feito,
numa classe desestruturada, pouco unida e invejosa?
Nesta última semana tenho-me deparado com
vários colegas a questionarem a nova proposta de contratação de professores e tenho ficado chocado
com a maioria dos seus comentários. Muitas das vezes, suspiro baixinho e acredito
piamente que temos o que merecemos.
Em frente ao computador e com o documento visível,
afirmam os professores do quadro:
- Colega, isso é para os contratados, não é
para nós, vamos ao bar beber um café?
E afastam-se do PC.
Outros ainda exprimem um sentimento de pena
para com os colegas contratados: Coitados… dizem alguns, mas vão beber café e
discutem a nova coleção da Zara.
Depois noutro computador estão os professores
contratados:
Um grupo queixa-se das alterações às
prioridades porque no seu egocentrismo este ponto afeta-os.
- Que vergonha. Então os sindicatos não vão
fazer nada?
- Temos de nos unir, temos de fazer qualquer
coisa? Diz um colega.
- Fazer? Fazer o quê? Os sindicatos é que têm
de se mexer?
- O pessoal do privado vai passar à nossa
frente? Vergonhoso!!! (esta colega com pouquíssimos anos de serviço passa à
frente de muitos colegas com vários anos de serviço, pela regra da continuidade
pedagógica, mas isso não interessa nada)
Outro grupo está a favor da Destacamento por aproximação à residência
familiar porque lhes pode ser favorável. Alguns esboçam um pequeno sorriso,
quando este ponto é abordado.
Ainda outro grupo
refere a injustiça de não se considerar o tempo de serviço antes da
profissionalização para efeitos de seleção a nível de contratação de escola.
Neste momento alguns colegas baixam a cabeça e afastam-se e começam a fazer
contas.
- Colega, sabes há quantos
anos a colega XPTO é profissionalizada?
- Eu apesar de ter
menos anos de serviço que a XPTO tenho mais anos nesta escola, por isso estou à
frente.
Outros, completamente desanimados e sem
esperança lá vão esboçando um sorriso amarelo e tentam justificar:
- Olha amiga, eu até ganho mais com as
explicações. (ou que o marido está muito bem na vida, ou que até vão poupar
dinheiro porque ficam com os filhos em casa, blá, blá, blá…)
Ou seja, numa proposta com tantos pontos em
cima da mesa cada um olha apenas para o seu umbigo e para os seus interesses. No
fundo quem ganha com tudo isto é o MEC que deve estar a bater palmas com
tamanha falta de bom senso, com tamanha inveja. Como já aconteceu no passado,
penso que esta proposta não passa de mais um fait divers. Primeiro lança-se a bomba, depois retiram-se alguns
pontos mais sensíveis e todos ficam aliviados e não se fala mais no assunto…
mas desta forma mais alguns direitos foram subtraídos.
É DIVIDIR
PARA REINAR
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