Aventuras e desventuras dos professores, formadores, contratados ou a recibos-verdes que leccionam na Escola Pública, Profissionais, Colégios, IEFP's, Casa Pia, TEIP's em cursos de UFCD's, EFA's, EFJ's, CNO's, AEC's PIEF's, ...

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O HORROR, A TRAGÉDIA, O DESESPERO

Cerca de 100 mil professores numa manifestação histórica em luta pelos seus direitos. Pergunto eu como foi possível este enorme feito, numa classe desestruturada, pouco unida e invejosa?

Nesta última semana tenho-me deparado com vários colegas a questionarem a nova proposta de contratação de professores e tenho ficado chocado com a maioria dos seus comentários. Muitas das vezes, suspiro baixinho e acredito piamente que temos o que merecemos.

Em frente ao computador e com o documento visível, afirmam os professores do quadro:

- Colega, isso é para os contratados, não é para nós, vamos ao bar beber um café?

E afastam-se do PC.

Outros ainda exprimem um sentimento de pena para com os colegas contratados: Coitados… dizem alguns, mas vão beber café e discutem a nova coleção da Zara.

Depois noutro computador estão os professores contratados:

Um grupo queixa-se das alterações às prioridades porque no seu egocentrismo este ponto afeta-os.

- Que vergonha. Então os sindicatos não vão fazer nada?

- Temos de nos unir, temos de fazer qualquer coisa? Diz um colega.

- Fazer? Fazer o quê? Os sindicatos é que têm de se mexer?

- O pessoal do privado vai passar à nossa frente? Vergonhoso!!! (esta colega com pouquíssimos anos de serviço passa à frente de muitos colegas com vários anos de serviço, pela regra da continuidade pedagógica, mas isso não interessa nada)

Outro grupo está a favor da Destacamento por aproximação à residência familiar porque lhes pode ser favorável. Alguns esboçam um pequeno sorriso, quando este ponto é abordado.

Ainda outro grupo refere a injustiça de não se considerar o tempo de serviço antes da profissionalização para efeitos de seleção a nível de contratação de escola. Neste momento alguns colegas baixam a cabeça e afastam-se e começam a fazer contas.

- Colega, sabes há quantos anos a colega XPTO é profissionalizada?

- Eu apesar de ter menos anos de serviço que a XPTO tenho mais anos nesta escola, por isso estou à frente.

Outros, completamente desanimados e sem esperança lá vão esboçando um sorriso amarelo e tentam justificar:

- Olha amiga, eu até ganho mais com as explicações. (ou que o marido está muito bem na vida, ou que até vão poupar dinheiro porque ficam com os filhos em casa, blá, blá, blá…)


Ou seja, numa proposta com tantos pontos em cima da mesa cada um olha apenas para o seu umbigo e para os seus interesses. No fundo quem ganha com tudo isto é o MEC que deve estar a bater palmas com tamanha falta de bom senso, com tamanha inveja. Como já aconteceu no passado, penso que esta proposta não passa de mais um fait divers. Primeiro lança-se a bomba, depois retiram-se alguns pontos mais sensíveis e todos ficam aliviados e não se fala mais no assunto… mas desta forma mais alguns direitos foram subtraídos.


É DIVIDIR PARA REINAR
 
 

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