Aventuras e desventuras dos professores, formadores, contratados ou a recibos-verdes que leccionam na Escola Pública, Profissionais, Colégios, IEFP's, Casa Pia, TEIP's em cursos de UFCD's, EFA's, EFJ's, CNO's, AEC's PIEF's, ...

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terça-feira, 28 de junho de 2011

RELATÓRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO

Já que andamos numa de partilha de relatórios de auto-avaliação, e fazendo concorrência ao blog ProfLusos, cá vai a minha contribuição:

Relativamente à minha prestação este ano lectivo, devo referir que desenvolvi aspectos pouco trabalhados até então na minha prática enquanto docente. Estudei e apliquei novas estratégias de interacção com os meus discentes e arrisco afirmar ter desenvolvido novas competências que serão sempre uma mais valia para a minha pessoa enquanto professora e enquanto cidadã. Evidências:

  • lido bem com o facto dos miúdos pretos baralharem o discurso e que a meio de uma frase já me estejam a tratar por tu;
  • aceito dizer 6 vezes numa aula de 90 minutos ao pintas lá da turma para tirar o capuz da cabeça (e ouvir outras tantas vezes dizer que o menino está com frio);
  • consigo manter uma conversa com uma turma que me responde com monossílabos tipo népia, yá, uma beca...
  • aguento relativamente bem o mau cheiro do bairro, assim como toda aquela poluição visual, sempre que entro ou saio da escola;
  • consigo manter a calma quando, na secretaria, uma cigana rodeada de crianças ranhosas e sujas, leva de graça Magalhães como se fossem bolinhos quentes;
  • tenho veia de treinador de futebol e apelo à motivação, afiançando que exercitaremos e treinaremos e que, no teste nacional, o bairro não envergonhará ninguém. Mesmo sabendo que é mentira;
  • tenho auto-controlo suficiente para levar regularmente o portátil às costas mesmo tendo de sair da escola já de noite e temendo ser assaltada;
  • consigo superar a frustração que é organizar para todas as aulas um momento experimental, ter a turma a delirar durante 30 minutos e depois perceber que ninguém entendeu nada do que observou.


Poderá precisar de alguns ajustes e, no caso de serem homens, será necessário passar o discurso para o masculino. Não dá ainda 6 páginas, mas já não falta tudo.


lklk

2 comentários:

Prof.º Macambúzio disse...

Por curiosidade fui ver alguns desses relatórios de auto-avaliação e subitamente a reacção que tive foi estranhamente idêntica a uma daquelas valentes ressacas que tive nos tempos da universidade – vontade incontrolável de vomitar.

Não sei se será apenas impressão minha, mas achei que agora sim os professores desceram mesmo muito baixo.

Desculpem meus amigos, mas onde está aqui a dignidade?

Num dos relatórios reparei em frases como:

“Eu fiz …”,
“Eu sou”,
“Eu fui …”,
“Eu incentivei … “,
“Eu elaborei …”,
“Eu estive sempre atenta …”

Épa mas o que é isto? Um diário? Uma composição de final de ano lectivo? Então mas um relatório não deve ser objectivo, concreto e claro? Não será esta a única forma de o avaliar? Como se pode avaliar um professor que diz que esteve atento aos problemas dos alunos? Ou que procurou integrar os alunos? Ou que afirma que procurou estar sempre informado?

Relatórios, Avaliações de desempenho, Evidências, patatipatata … Oh Nuno Crato vamos a mudar isto tudo porque assim não vamos a lado nenhum.

Ana Luísa Costa Carneirinho disse...

O verdadeiro problema é que não sei mesmo se o Crato vai mudar alguma coisa de substancial...