DE PAPÃO EM PAPÃO

Somos um povo de medos. Antes da aprovação do OE, era o papão do que aconteceria se o OE não fosse aprovado. Que a instabilidade política isto, que os juros a subir aquilo...ai que o país se afunda se o OE não for aprovado...

Na altura fiquei com pena que o PSD tivesse feito a vontade ao governo e tivesse dito o sim, porque eu sou daquelas pessoas ver para crer e já agora gostava de saber se o país pararia em caso de não aprovação. Tenho a certeza que não nos teria acontecido nada, continuaríamos com o OE de 2010, o dia-a-dia como sempre - olha a Bélgica sem governo há quase um ano e tudo vivo à mesma...

Enfim, o OE foi aprovado e olá instabilidade política e juros em máximos históricos e imagem do país no estrangeiro de rastos (bem feita, mariquinhas!)...

Agora é a aprovação do PEC IV. Voltam a ouvir-se vozes apocalípticas que "chumbo do PEC seria terrível". Terrível porque...porque "é uma situação de risco enorme para a situação financeira e para o país e face às instituições europeias". Mas a nossa situação de risco já não é enorme? A nossa situação financeira já não é um desastre? Ah pois, já é...

Pessoalmente, sou a favor de crises mais transparentes - que caia o governo de vez e que saibamos todos com que contar. Que isto de contas tão bem feitinhas que é preciso contar com novos PECs todos os meses, discursos que um dia são "o défice está controlado" e noutro "é preciso mais medidas para diminuir a despesa", sacrifícios para uns e TGVs para outros, IVAs a aumentar para bens essenciais e a diminuir para desportos de elites...isto sim, é assustador.

Nem é papão - é mamão, mamão é o Sócrates!!!