Aula com um dos 8º anos.
Eu tão entusiasmada a dar uma matéria a que acho piada, e um burburinho que não pára numa zona da sala.
- Eh pessoal! Mas vocês estão-me a ouvir? Que conversa é essa?
Ares pesarosos:
- Tamos a falar do V., stôra!
- Qual V.?
- É lá do bairro. A mãe morreu com SIDA e ele vivia com um velhota numa casa, mas agora a velhota morreu e a assistente social não lhe dá mais de 300€ e ele tem de pagar água e luz e comida e assim anda a dormir no corredor das outras casas e, coitado, faz um biscates por lá. É que ele também tem a cara toda deformada porque quando era pequeno um carro da polícia lhe passou por cima da cabeça...
E eu sem perder a oportunidade:
- Estão a ver? Vocês têm é muita sorte porque têm pessoas que se preocupam com vocês e têm comida quando chegam a casa. E às vezes andam aqui na brincadeira sem aproveitar as aulas nem a escola, a portarem-se que é uma vergonha.
Todos com um ar circunspecto a pensar na sorte da vida que têm e na vida que lhes calhou em sorte...até que a R., com um suspiro:
- Bem, em casa da minha mãe nem sempre tenho comida, mas em casa da minha avó, posso sempre comer. Temos sorte, é verdade.
E eu fiquei assim a inspirar fundo, porque, de facto, a sorte é um conceito muito relativo...
Eu tão entusiasmada a dar uma matéria a que acho piada, e um burburinho que não pára numa zona da sala.
- Eh pessoal! Mas vocês estão-me a ouvir? Que conversa é essa?
Ares pesarosos:
- Tamos a falar do V., stôra!
- Qual V.?
- É lá do bairro. A mãe morreu com SIDA e ele vivia com um velhota numa casa, mas agora a velhota morreu e a assistente social não lhe dá mais de 300€ e ele tem de pagar água e luz e comida e assim anda a dormir no corredor das outras casas e, coitado, faz um biscates por lá. É que ele também tem a cara toda deformada porque quando era pequeno um carro da polícia lhe passou por cima da cabeça...
E eu sem perder a oportunidade:
- Estão a ver? Vocês têm é muita sorte porque têm pessoas que se preocupam com vocês e têm comida quando chegam a casa. E às vezes andam aqui na brincadeira sem aproveitar as aulas nem a escola, a portarem-se que é uma vergonha.
Todos com um ar circunspecto a pensar na sorte da vida que têm e na vida que lhes calhou em sorte...até que a R., com um suspiro:
- Bem, em casa da minha mãe nem sempre tenho comida, mas em casa da minha avó, posso sempre comer. Temos sorte, é verdade.
E eu fiquei assim a inspirar fundo, porque, de facto, a sorte é um conceito muito relativo...
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