Aventuras e desventuras dos professores, formadores, contratados ou a recibos-verdes que leccionam na Escola Pública, Profissionais, Colégios, IEFP's, Casa Pia, TEIP's em cursos de UFCD's, EFA's, EFJ's, CNO's, AEC's PIEF's, ...

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domingo, 14 de novembro de 2010

NUMA ESCOLINHA PROFISSIONAL DE GESTÃO CAMARÁRIA FINANCIADA COM DINHEIROS PÚBLICOS

Numa escolinha profissional privada de gestão camarária e financiada com dinheiros públicos (daquelas que a partir de Janeiro vão apanhar uma valente cacetada - olha, deixará de haver dinheiro para carro para o director? E para ordenados de milhares de euros como o da directora pedagógica que é mulher do director? E para assessores atrás de assessores? E para equipar a escola com um sistema de segurança e videovigilância tipo Cimeira da NATO?...)...enfim, numa escolinha profissional destas, desde há uns anos para cá que a direcção, tomando o embalo da MLR, decidiu que o alvo a abater deviam ser...os professores (esse raciocínio faz sempre sentido, numa escola...).

E vai daí, começa por decidir que os professores da escola são todos uns malandros que não fazem nenhum. Então, numa lógica de gestão iluminada:

1. Começa a carregar à grande no horário lectivo dos professores. E a obrigá-los a dar aulas sempre que um colega falta (aulas da sua disciplina, claro). O corpo docente da escola passa a ter um horário oficial (já superior ao estipulado no Contrato Colectivo de Trabalho) e outro oficioso (que é dar todas as aulas extra que a direcção considerar). Tudo sem receber um cêntimo extra, claro - que os professores já ganham muito e os seus ordenados milionários levarão esta megda ao fundo e quando há férias nem aulas dão, o que é que querem mais? Excepção para a directora pedagógica - essa recebe todas as aulas que dá em acumulação com o ordenado...


2. Quando os professores se queixam que não têm tempo para preparar aulas, nem ver testes, nem para realizar os seu trabalho, a direcção responde Malandros! Não querem é estar na escola! E por isso institui um sistema de picagem de ponto electrónico tendo como base as 35h semanais.

3. Começa a ser óbvio que os professores passam muito mais que 35h por semana na escola.

4. Entretanto, os professores fazem queixa na ACT. A direcção contrapõe que os professores estão a fazer de propósito - a passar mais tempo na escola só para lixar a direcção. E diz que se os professores estão mais de 35h por semana na escola é porque querem, ninguém os obriga.

5. A direcção, na sua necessidade de controlo, quer então remediar as coisas instituindo unilateralmente um sistema de "regime de adaptabilidade".


6. Nova queixa dos professores na ACT.


7. A direcção fica louca e obriga os professores a um horário fixo 8h30-16h30 ou 9h30-17h30.


8. Chega altura da reuniões e, claro, horário fixo para professores não funciona. Porque acaba por ser necessário suspender aulas, porque os professores que estão a recibo verde não podem estar presentes no horário lectivo.


9. Vai daí a direcção envia por mail a todos os professores uma ordem de serviço que "dá autorização" aos professores, em alturas de reuniões, de quebrarem o horário fixo, permitindo que as horas extra realizadas sejam descontadas uns dias antes ou depois da época de reuniões. Sempre com a autorização e aprovação da direcção, claro - não vão os professores não estar na escola e a direcção não saber do seu paradeiro!!!


Dizem as novas teorias da gestão de recursos humanos que é possível ter o máximo controle sobre os empregados, determinar normas rígidas, supervisionar, fiscalizar, mas nada será tão eficaz quanto o espírito de colaboração e a iniciativa daqueles que acreditam no seu trabalho. Mas claro que para saber isto o director de uma escola devia estudar gestão. E ter de preferência um curso superior. Coisa que parece que o director desta escolinha profissional privada de gestão camarária financiada com dinheiros públicos não tem. Só mesmo cartão do partido. E esse dá tachos, mas não dá sabedoria.