Aventuras e desventuras dos professores, formadores, contratados ou a recibos-verdes que leccionam na Escola Pública, Profissionais, Colégios, IEFP's, Casa Pia, TEIP's em cursos de UFCD's, EFA's, EFJ's, CNO's, AEC's PIEF's, ...

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terça-feira, 16 de novembro de 2010

AULAS DE SUBSTITUIÇÃO

Não sei como é nas vossas escolinhas, mas na minha as aulas de substituição são assim um bocadinho virtuais porque os alunos simplesmente faltam em bloco às aulas desta natureza.

E eu sei isso porque no meu horário tenho este ano, e pela primeira vez, 45 minutos dedicados à nobre prática de substituição de colegas que estão a faltar e durante metade do período estive descansada da vida,
sem nunca ter sido chamada para entrar a serviço nestes moldes.

Mas uma semana destas, a auxiliar avisou-me que teria de dar substituição. Há dois professores a faltar, informou-me, um deixou plano de aula, outro não. D. Carla supliquei eu, guarde-me por favor a substituição com plano de aula! Ela anuiu e eu fui descansada dar aula aos meus alunos.

Na hora da substituição, abeiro-me da D. Carla e digo cheia de energia:

- D. Carla! Cheguei! Onde é a substituição?

- 5º H, sala 13.

E eu com um sorrisinho:

- D. Carla...está-se a esquecer do plano de aula!!!

E a D. Carla com o ar impaciente de quem está a ter um mau dia:

- Olhe, professora. Esses foram embora. Restam os outros que estão a fazer barulho no andar de cima.

E eu fiquei a imaginar o que faria com uma turma do 5º ano, que ainda não tem a disciplina que eu lecciono e sobre cujos programas eu sei...nada mesmo! A minha cara de pânico foi tal que uma colega simpática me perguntou se eu queria umas fichinhas para pintar que ela costumava trazer na mala. Claro que quero as fichinhas para pintar, colega! Muito obrigada, colega! Abençoada colega!

Subi as escadas e afinal a turma que estava a fazer barulho no andar de cima já só se resumia a 4 crianças. Menos mal. A vida a entrar lentamente no meu corpo de novo.

- Ora bem, meninos! Estamos em época de testes, devem ter qualquer coisa para estudar.

Não, claro que não têm.

- TPC?

Nada.

- Pronto, trago aqui umas fichinhas engraçadas que vocês podem pintar....

- Oh stôra! - com aquele ar "mais fichinhas para pintar?!?" - Porque é que não jogamos aos Stop?

Porque é que não haveríamos de jogar ao Stop? E portanto passámos a meia hora seguinte os 5 em ambiente descontraído em torno de uma mesa a jogar ao Stop (quer dizer, em pedagogês, a exercitar o vocabulário e a mecanizar o abecedário recorrendo a método de carácter lúdico). E houve quem me tivesse ganho. E no fim, desejaram-me bom fim-de-semana e disseram que tinham gostado muito de estar comigo. E eu retribuí a delicadeza e disse-lhes que tinha tido muito prazer em conhecê-los. Voltem sempre.

E depois de fechar a porta, não pude deixar de reflectir nalguns pontos (sim, eu raciocino mesmo por pontos...defeito de profissão...):
  1. Afinal, e apesar da ministra negar, jogam-se joguinhos nas aulas de substituição. Eu joguei. E vêm-se filmes, naturalmente. Se houvesse uma televisão na sala, eu conseguiria encontrar um qualquer tema didáctico e/ou reflexivo em um qualquer DVD que um aluno trouxesse na mochila...
  2. Se estivesse a chover, eu até poderia considerar que os alunos estavam melhor e mais confortáveis debaixo de tecto, dentro de uma sala. Mas estava aquele dia ensolarado de Outono que até é crime não aproveitar. Os miúdos não estariam melhor a correr no recreio e a sintetizar vitamina D?
  3. E finalmente, eu até gostei de estar a jogar ao Stop, mas, convenhamos, qualquer animadora sócio-cultural, qualquer auxiliar poderia estar a jogar ao Stop com 4 meninos durante meia hora (e isso foi desta vez. Nas outras semanas todas estive só mesmo na sala de professores a cumprir horário). Se a ideia é eu dar trabalho à escola, não seria mais racional usar os meus conhecimentos e pôr-me a organizar papelada ou ficar numa sala disponível para tirar dúvidas ou dar aulas de apoio?
Mas isto se calhar sou eu, como de costume, a complicar...

2 comentários:

Gabriela Bruno disse...

Pois, mas implica e continua a implicar porque, acredito eu, um dai hão-de ouvir-nos.
:))

Gabriela Bruno disse...

Ali em cima, era "dia" que eu queria dizer....