Aventuras e desventuras dos professores, formadores, contratados ou a recibos-verdes que leccionam na Escola Pública, Profissionais, Colégios, IEFP's, Casa Pia, TEIP's em cursos de UFCD's, EFA's, EFJ's, CNO's, AEC's PIEF's, ...

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quarta-feira, 18 de maio de 2011

IV questões (OU LEBRES LEVANTADAS) em relação às Novas Oportunidades!


Quando se fala das Novas Oportunidades, antigos Centros de Reconhecimento e Validação de Competências-Chave(CRVCC), trata-se apenas e somente (permitam-me o pleonasmo) de um processo de validação e certificação de competências que bem feito, até teria sentido... mas a realidade não é essa...

Numa primeira fase, os Centros Novas Oportunidades (CNO's) iniciaram-se com a validação e certificação de competências do 9º ano e depois, o mais polémico, este processo estendeu-se ao 12º ano.

Assim, sucintamente, colocam-se as seguintes questões:

i) Que público alvo se valida e certifica? Com que Curriculum Vitae (CV)? De que forma se certifica?

Não me chocaria que este processo validasse candidatos para um 12º ano cujo CV falasse por si... Mas na realidade isto não funciona assim, pois seriam apenas um número mínimo de candidatos que seriam certificados... Há, sim, por que já trabalhei de perto com vários destes Centros, uma pressão governativa - sobre os que funcionam no ensino público (nas escolas secundárias), no ensino privado (a sua sobrevivência depende das metas - números de candidatos em processo de validação e dos candidatos já certificados em cada CNO -, senão podem fechar portas: têm que necessariamente de atingir as metas, para que se justifique a sua continuidade) e nos Centro de Formação da rede IEFP - cujos secretários de estado do Ministério do Trabalho e da Segurança Social deste governo PS fazem as seguintes questões semanalmente: "Quantos em processo? Quantos Certificados?"

Depois, nas escola públicas (normalmente escolas secundárias) e nos centro de formação acreditados (centros de formação da rede IEFP e/ou escolas privadas) os alunos que não completaram o ensino secundário poderão concluí-lo, através da famosas Unidades de Formação Modulares de Curta Duração (UFCD's) - com a duração de 5o horas. Deste modo, um ex-aluno do ensino secundário que nunca fez a disciplina de Matemática, porque não percebia nada de contas, poderá escolher, através de uma vasta lista de UFCD's que lhe é fornecida (como se tratasse de uma ementa), duas (suponhamos) que lhe dêem equivalência a essa mesma disciplina, mas que seja da área científica. E pronto - conclui-se o 12º ano, sem nunca ter tido aprovação a Matemática! Bonito, não?


ii) Quem reconhece e valida estas competências? Como são estruturadas as equipas formativas? Que qualidade têm?

O que se verifica é que muitas destas equipas formativas (excepto no ensino público e que, mesmo assim, são muitas das vezes constituídas por professores com menos experiência) são feitas por formadores (que nem muitas das vezes são professores) que são lançados no universo das competências-chave, uma chek-list de competências (nome bonito para designar o "saber-fazer"), muitas delas difusas, confusas e abstractas... Depois, ou cumprem as metas ou vão para a rua - a maioria deles estão a recibos verdes... e valida-se/certifica-se... e valida-se/certifica-se... sucessivamente... ATÉ A VITÓRIA FINAL! (REELEIÇÃO DO SÓCRATES EM 2011!)

iii) Como se coloca a máquina a funcionar? Todos os CNO's funcionam da mesma maneira? Com a mesma qualidade?

A realidade é que essa check-list de competências foram passadas formalmente para os CNO's e... FAÇA VOCÊ MESMO (como se cada equipa de CNO tivesse uma instrução para montar uma mobília, mas não soubesse o que estava a construir). Deste modo, cada CNO trabalha sobre um modelo criado por si (completamente diferente do CNO, ao lado, no mesmo bairro ou cidade). Ao início, até houve uma preocupação de tornar o processo credível, através de um trabalho minimamente estruturado e consistente, mas a pressão das METAS... Abandalhou o sistema!!!

iv) Quem avalia os CNO's?

Ninguém, meus amigos, segundo o Sr. Sócrates: "os avaliados no processo" - uma coisa que me apercebi logo, enquanto aluno universitário (Universidade Pública), é que nunca se deve falar mal, em caso algum, da instituição onde adquiri o meu canudo, legitimamente, aliás, senão desvalorizar-me-ia profissionalmente, para além de fazer figura de urso! O que é que que estavam à espera? Que falassem mal do que lhe foi oferecido? Isso seria anti-natura!!!

Aliás, muitos destes alunos nem se apercebem do que estão a fazer, cumprem o processo, até lhes dizerem para parar: "STOP! O Senhor está validado! Parabéns, VOCÊ CONSEGUIU!!" Toma lá: um carimbo, um diploma, uma certificação - mais um número para cumprir as metas estipuladas para 2011 e, com sorte, é o próprio Sr. Sócrates que lho entrega em mãos (mais a Ministra de Educação que estiver em serviço nessa altura)!!!

Dou por finda a minha exposição que já vai longa, mas há ainda muitas lebres na toca... (conto apenas aquilo que testemunhei)

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